terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Você me veio leve como a brisa, que distraída,dança com as folhas, dança com meus cabelos e com meu coração. Seus olhos escuros, me fazem querer tão mais as coisas que não vejo - devido a escuridão do meu pensamento -, mas que sinto. Sem uma palavra me colocou no colo, e foi também sem nenhuma palavra que me vi entregue ao doce do desconhecido.
Seu sorriso me desperta sentimentos bons, dos quais nem sei dar nome. Me lembro de quando te vi cantando: sua alma entregando-se a cada sustenido e bemol. Te vi com o olhar fixo no violão. A alma fixa na canção e então você se infiltrou a ponto de se tornar a própria música que ouvi, sublime, naquela madrugada. Me tomou no colo como quem carrega qualquer coisa de muito preciosa, com aquele tipo de carinho que nos deixa sem reação, que só o abraço forte e cafunés conseguem transmitir, juntamente com nossos olhos escuros. Nossos olhos são escuros como os sentimentos que não vemos, mas sentimos tão forte como só o que não pode ser visto e tocado pode ser. Quando te li nos olhos a tristeza: senti-a em mim, a tomar cada membro meu. Ah, como eu queria roubar-te a tristeza com a força de um abraço! Te abraço forte, que é pra sentir seu coração batendo, te sentir sendo, te sentir viva. Te beijo o olho, mas borro-o com meu batom vermelho - o mesmo que se impregna na ponta de todos os meus cigarros e que você, já lê tão bem. Estou fumando um cigarro por você: a fumaça envolve-me de sentimentos bons e te desenha no ar. Você é o ar. É coisa que respiramos, que é parte de nós. É leve e sentimos a nos embriagar diariamente do que não tem explicação. Seu corpo é poesia ambulante, que não pesa, nem dá forma: carrega-se com a leveza do que é livre. É desenho na nuvem. Você é leve como a pluma que agora pousa em mim. É leve como a flor que desabrocha, sem pressa, no meu quintal. É a leveza da chuva que purifica e renova e que tanto gosto de sentir o cheirinho quando cai na terra, lavando tudo. Se leveza tivesse um nome, seria o seu.
Você me veio leve como a brisa, que distraída, dança com as folhas, dança com meus cabelos e com meu coração e que hoje, já não me deixa traduzir o que é solidão.

( era noite de estrelas lucidas: liam-se amor.)

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