sexta-feira, 22 de outubro de 2010

anymore

Agora, finalmente cicatrizada, me encontro aqui
como me encontro a cada hora do meu dia
parada,
contemplando as paredes brancas e monótonas do meu quarto
e de cada cômodo da casa, dos jardins e de cada metro do sujo e velho asfalto que as ruas possam conter, manchados por cada beijo nosso
revivendo você
ou o que costumava ser você.
Sim, eu sei o quanto abalamos reciprocamente nossos mundos
refletindo em nossos olhos o sorriso do outro, até mesmo mais do que apenas o seu ou o meu. Éramos nós.
Mas seu amor é bom demais pra mim,
normal demais pra mim,
não temos mais pelo quê ou por quem lutar,
sempre tenho agora o ar límpido para respirar,
opondo-se à minha alma agitada e inconcisa.
Saia agora, meu amor,
tranque as portas e devolva-me as chaves,
volte para a ordem normal das coisas,
volte para o seu mundo e para suas paixões mundanas
eu preciso voar.