segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Perdi minha casca no último vendaval que assolou minha alma e, sem proteção, jorrei minha essência ao vento, como se fosse semente, mas nada dali brotou. Não quero que me regue ou que me leve a um canteiro mais bonito, se a lua cheia que nos ilumina continua a me encher de tristeza.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Fases da lua

Personalidades que se (con)fundem. Essência que jorra da fonte de água que apenas os ricochetes movimentam. Nesse teatro, nossas personalidades não terão fim: os papéis mudam, as personagens adquirem as características das outras e as outras, das outras, num ciclo infinito. Parte de mim que deixei com você e com tantas outras pessoas está dançando por aí, rodopiando com o vento, a erguer folhas e poeira. Sua parte em mim se confunde com o que um dia fui. E mesmo quando você não está se mantém viva a mergulhar pelo meu corpo, como se sangue fosse. Me percorre. Leva e traz memórias e tantas outras coisas irreais: existem apenas na minha mente. Vezes confundo a realidade dos fatos, com a dos meus pensamentos. Me iludo e gosto. Fico mais um pouco na ilusão que é pra ver a sinestesia das coisas. No mar do céu, as estrelas cadentes são ricochetes e eu me guio apenas pela lua. Saio a noite com tantas pessoas em mim fazendo parte do que me tornei que vezes, penso ter deixado o olhar que um dia tive ao ser criança em algum canto da calçada que nunca mais pisei, porém, a parte de mim que ali reside pisa através de outros pés: botinas, tênis, sandálias e, por vezes, um cão de rua, vem a reconstruir cada pedaço de mim, formando enfim, o texto completo do que vem a ser o enredo da minha vida.