terça-feira, 17 de abril de 2012

Passaram-se cinco estações desde o outono em que te vi indo embora e desde então passo as estações tentando, frustradamente, encontrar alguém que me faça despertar a pessoa que eu era quando estava ao seu lado.
Passei o inverno fugindo da chuva, enquanto sei que escolheríamos sempre o caminho mais longo ainda que estivesse chovendo.Minha blusa colaria em minha pele, desenhando os meus traços, minhas mãos frias tremeriam e meus dentes se bateriam uns nos outros. Você riria enquanto me abraçava, me apertando com força, e por fim, calaria meu frio num beijo longo.
Sinto que a parte que eu mais gostava de mim adormeceu naquela tarde em que te vi com os olhos vermelhos,o adeus no coração, disparado, a me abraçar pela última vez. Ainda sou capaz de sentir o calor do nosso último beijo, a última canção dedilhada no violão e nossa música tocando no rádio, o dia todo. Se eu soubesse, eu te morderia com força, mais uma vez, e depois, quase arrependida, vendo minhas marcas na sua pele, iria beijá-las tentando amenizar sua dor.
Vou me mudar dessa cidade cujo asfalto mantem impregnado a sujeira de cada palavra que eu não te disse e de todas as nossas promessas vãs, que é pra ver se me esqueço da gente, naquela grama, vendo e rindo dos desenhos nas nuvens.
É difícil não me lembrar quando quase posso ver a marca das suas mordidas ainda em minha pele, sentir o cheiro do seu cigarro em minhas roupas e seu gosto em mim. Se faço o mesmo caminho que fazíamos todos os dias e se todos os casais que vejo na rua me lembram a gente.
Passaram-se cinco estações e desde então, gosto menos de mim.

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